segunda-feira, 19 de julho de 2010

Admiração.

Havia um certo casal, numa certa cidade, que sempre numa mesma hora sentavam-se juntos à porta de sua casa e permitiam-se desfrutar muitas coisas juntos.
Esse ritual repetia-se dia-após-dia, porém nenhum deles se cansava. Eles aguardavam ansiosamente por aqueles pequenos instantes em que o mundo sería do tamanho dos seus olhos. Esperavam juntos para mirar pequenos detalhes que passam por cada um de nós, todos os dias.
Seus olhos nãos e cansavam de admirar, nem seus ouvidos de ouvir aquele ranger da cadeira sob o assoalho e a música do vento.
Eles sempre se seguravam pelas mãos num gesto simples, porém cheio de significado. Ambos diziam através da ação que estavam ali, mais um dia, juntos.
É tão engraçado e curioso o objeto que tanto os fixava. E como eles podiam passar tantos anos olhando para o mesmo ponto, sem desanimar. Nada os privava daqueles instantes...
Tão rápido acontecia, mas a magia penetrava nos seus corações e por isso eles prosseguiam. Era um ato de renovação. Como se houvesse naquele instante a certeza de que o hoje se foi, e que aguardam o amanhã, porém caso este não venha - só o hoje já teria valido a pena.
É como um vento que passa, um piscar de olhos, um sussurro, um abraço, um beijo - essa é a nossa vida. É tão passageira como um pôr-do-sol, mas são tão poucos aqueles que a admiram. São raros os que se sentam à porta e a admiram, que a contemplam, que a vivem!
São mais raros ainda aqueles que a permitem! Ah, como seria bom se todos tivessem uma mão para segurar, um ombro para chorar, um sorriso para dar, um irmão para perdoar, um amor para amar, uma música para cantar e um sol para esperar.
Se com erros ou acertos, nós jamais saberemos, mas antes que possa passar mais este dia: admire-se!