sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Quando nada parece fazer sentido.

Considero-me uma pessoa de fácil comunicação e isso me permite dialogar com pessoas de todas as classes, idades e gêneros. Atualmente, venho amando conversar e conhecer um pouco mais a mente dos adolescentes. Sim, porque parece que foi ontem e eu ainda era um deles. Estava em conflitos com a minha escolha profissional, conflitos familiares, amorosos e principalmente conflitando comigo mesma.
Seria muito melhor se eu soubesse, naquela época, o que sei hoje. Não que eu já saiba muita coisa, contudo já é bem mais do que eu saberia aos meus 15 anos.
Por exemplo, eu não gostava de tomar um ônibus quando era adolescente. Sentia-me desajeitada e isso sempre, sempre causava algum constrangimento, porque invariavelmente eu batia a cabeça em algum lugar do ônibus, ou meu dinheiro caía no chão, quando a mochila não se prendia na catraca. De fato, era doloroso.
No entanto, agora eu sei o quanto isso é natural. Quando estamos vivenciando a nossa puberdade não temos a noção completa da nossa imagem e do nosso Eu. Por isso batemos em tudo, quebramos os pratos, copos. E outras inúmeras trapalhadas que cometemos.
Se eu soubesse que não importa o que pensam de mim e sim o que Eu penso sobre mim, noooossa! Jamais me acharia gorda, feia, desingonçada, de voz grossa, dedo torto, nariz grande. Afinal, o que é estar de bem consigo mesmo? É estar de bem com os outros? Ou construir a sua subjetividade baseado na harmonia com seu corpo e mente?
É mais importante o rótulo que me deram quando eu nasci, ou o perfume que eu carrego dentro de mim?
Invariavelmente permitimos que os outros nos digam o que somos, quem somos e o que devemos ser. Mas e se eu não desejar isso? Onde mora minha vontade? Para quem canta a minha voz?
Enfim, continuemos às mudanças. Eu acredito que o adolescente em parte volta a ser criança, pois no momento em que ele acorda pela manhã e descobre seu corpo todo diferente, com certeza "dá pane". Então recomeçamos as descobertas, agora um pouco mais movidos por novos combustíveis, hormônios próprios da fase.
Com sorte, fui criada num ambiente de diálogo familiar. Mas nem todos tem essa oportunidade e aí temos um novo problema. Alô leitores, caso prefiram mostrem para seus pais, pois esta parte é dedicada a eles!!!
Pais, vocês são os reforçadores primordiais dos seus filhos. Cada vez que você elogia seu desempenho escolar ou sua criatividade para desenhar ou sua habilidade para conversar, em suma tudo que diga respeito a se filho, ele se sente valorizado. Para um adolescente é fundamental que alguém reforce suas potencialidades. Eles ainda estão um pouco inseguros e isso é normal, porém eles não são ingênuos mais, nem mesmo eram quando crianças.
Contudo pais, ainda é necessário dizer que vocês são os únicos seres capazes de romper a barreira com seus filhos. Mesmo que eles digam que não é necessário, converse com eles, quebre tabus, transponha a barreira do mutismo. Não importa o tempo que você passe com seu filho e sim a qualidade do tempo que vocês permanecem juntos.
Acredito que o adolescente é um pouco de tudo. Ainda um pouco criança e já buscando ser adulto. Durante alguns anos da vida muita coisa não fará sentido e então, como se nada tivesse acontecido, um dia passará.
Pode não fazer sentido sentir-se estranho todo dia. Pode não fazer sentido gostar de uma pessoa diferente por dia. Pode não fazer sentido estudar o que se estuda, pensar o que se pensa, chorar pelo que se chora, mas uma coisa é certa: estamos vivos!
E é você quem atribui sentido a sua existência!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Em caso de amor, pense menos!

Na minha primeira postagem eu apresentei um convite ao pensamento. Hoje estou buscando uma reformulação à esta atividade.
Algumas vezes seria melhor não pensar. Como se fosse possível fugir daquilo que está pulsando na nossa mente.
Por exemplo, o amor, e assim espero que você, leitor me compreenda. Esse sentimento toma boa parte dos nossos pensamentos. Tem uma capacidade enorme de modificar nossas ações, expectativas e convicções. Mas, ás vezes, seria melhor não pensar tanto.
Hoje, não pude deixar de interferir numa dessas questões de amor. Afinal, não sou romântica a ponto de acreditar num amor que seja masoquista, nem posso deixar de exprimir minha opinião quando alguém está se anulando em benefício de outro. Mas aí você vai perguntar: o que eu tenho com isso? Eu tenho AMOR.
O mesmo amor que oprime, também é aquele que cuida.
Somos ingênuos ao crer num amor perfeito. Sou cética, sim. Porque não posso acreditar em contos de fadas. A realidade é bem diferente do que se pinta em "O mundo mágico de Walt Disney".
As nossas relações não são construídas por nós, apenas. Somos nós e o outro. Isso implica em diferenças, divergências e preferências. Nem todos estão prontos para o árduo trabalho de ceder. Em parte exigimos a nossa vontade e em parte cedemos à vontade do outro. E assim nos construímos no mundo.
É aquela velha história: "no início, tudo são flores", porém no início não sabemos direito quem somos naquela relação, como poderemos saber quem é o outro? O outro ainda é o nosso estranho. Quando tudo fica descortinado, passamos a entender que toda estrada tem pedras e que toda flor tem espinhos.
O pensamento é a nossa primeira arma para simbolizar o que nos é confuso. Mas a linha entre o amor e a dor é tão tênue, que nesse caso único somos frágeis demais para confiar em nossos pensamentos. Não sugiro que não pensemos, proponho que pensemos com qualidade.
Esquecendo um pouco a dor, filtrando as imagens, tomando certa distância, a fim de sair do olho do furacão e enfim, respirar ar puro.
Permitir que todos os nossos sentimentos permaneçam misturados é demasiado cruel. Sofremos com aquilo que não é exato, principalmente se formos exatos demais. Nosso corpo sofre com a bagunça que se tornou a nossa mente. Tendemos a ter náuseas, desmaios, nossos braços e pernas paralisam e então, quase sucumbindo, acordamos, querendo não acordar.
Colocar um fim numa relação não é nada fácil, mas de fato é melhor do que anular a si mesmo. A dor nesse caso é passageira e mais suave, pois não tem mágoa. Libertam-se todos os medos e males, certos de que voaremos em lugares mais altos até encontrar outro amor, para o qual estaremos mais preparados.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Responsabilidade

Bom, eu já tenho meus 23 anos e isso me torna apta física e psicologicamente para muitas coisas.
Pensando nisso, venho considerando o fato de ser mãe. Provavelmente deve ser uma sensação surreal, ter uma parte de você e a outra da pessoa que mais ama reunidas na sua criança. Maravilhoso!
Porém, ontem fui tomada de assombro, pavor e impotência quando diante de um acidente. Esse acontecimento acendeu uma luz em minha mente e ela piscava dizendo "responsabilidade". Durante um simples piscar de olhos tudo muda e não é a toa que dizem por aí "que é durante situações adversas, que a gente mais cresce". Quem disse isso estava coberto de sabedoria e isso tornou-se uma verdade em minha vida.
Enquanto brincávamos na piscina, ontem, afinal estamos em pleno Carnaval de 2010, uma das minhas irmãs acidentou-se e levou um corte na cabeça. Foi péssimo sentir que estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe ao ponto de não poder evitar que a queda ocorresse. Segurei sua cabeça, tentando acalmá-la, e mesmo querendo entrar em pânico, naquela hora eu sabia que seria melhor para ela que eu parecesse calma. Por dentro ocorria um misto de emoções, mas era necessário manter tranquilidade e sangue frio.
Eu mandava que ela respirasse, quando nem eu mesma tinha certeza se eu o estava fazendo. Pedia para não se apavorar, enquanto eu estava apavorada. Um medo que experimentei pela primeira vez.
De fato, não tememos muito por nós, mas quando somos responsáveis por alguém, tememos por sua segurança, conforto e bem-estar. É incrível como nossa mente é rápida e calcula tudo nos mínimos detalhes e com tamanha precisão.
Antes eu teria chorado, chamaria meus pais para resolver os problemas, mas se alguém teria que estar ao lado dela, essa pessoa era eu. Então, mesmo confusa, pois não sabia o que era meu e o que era dela, segurei em suas mãos e estranhamente senti o peso da responsabilidade sobre minhas costas.
O tempo todo fico me questionando se não estou agindo como os pais agiriam. Inconscientemente eu havia mudado. Meu foco saiu do cuidado de amigo - irmão e passou a um cuidado paternal. Acho que eu não queria ter mudado, mas se aconteceu, com certeza foi porque eu cresci diante daquilo.
Agora, tudo está bem e a sensação de impotência se foi, porém isso me fez refletir sobre meus planos futuros. Não basta pensar que se está pronta para uma escolha tão importante como ser mãe, haverá sempre imprevistos e eles nos cobrarão posturas fortes e decididas.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Por que ter um blog?

Nunca me interessei por um blog específico. Até visitei alguns, comentei e li muitas coisas legais. Mas hoje acordei e decidi que faria um para mim. Uma razão? Bem, quando escrevo coloco meus pensamentos em ordem. É um exercício mental que ajuda muito, além de ser uma forma de aprimorar e estimular a criatividade.
O título é uma recordação daquilo que devemos fazer a cada momento das nossas vidas: Pensar!
Pensar com os botões está além do dito popular, é uma atitude de crescimento. Uma busca pela canalização de ideias, sonhos, conflitos e soluções.
Socialmente, abandonamos o silêncio e o ato de pensar. Somos tomados e "deixados levar" pelo corriqueiro, automático, prático e menos doloroso. Porém, estamos inaugurando um depósito, que muito provavelmente não teremos tempo, nem desejo de revirá-lo.
A ideia, aqui é te convidar ao exercício de pensar. Um retorno à raiz do que somos enquanto sujeito e enquanto sociedade.
Feliz exercício a todos!