quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Renascido

Então eu fiquei pensando - como pode alguém renascer, estando a menos de 24 horas neste mundo? Meditei muito sobre este substantivo -renascido, e fui me surpreendendo com as ideias que foram surgindo.
De fato, pela ordem natural das coisas, primeiro se nasce, depois, para aqueles mais afortunados, pode-se renascer. Porém há um que ao nascer, já tem o nome, ou melhor, a marca de um transformador.
Ao ver aquele rostinho, hoje, fiquei com o pensamento paralisado durante alguns segundos. Senti vontade de chorar, e chorei. Afinal, não é vergonhoso - é sinal de que ele veio para cumprir o que seu nome já nos informava mesmo enquanto estava, confortavelmente, envolto e protegido na barriga de sua mãe.
Fui tocada, de algum modo, por aquele pequeno ser. E foi aí que pensei no significado de seu nome. Acredito que ele ainda não saiba, mas nós - os adultos - tolos e insensatos na multidão do nosso conhecimento, estamos tentando aprender que são os pequeninos aqueles que nos ensinam as maiores lições.
Eu creio na semente que se planta e nos frutos saborosos que se colhe. E toda semente, antes de se tornar um fruto, ela morre e renasce. Com mais força e mais beleza. É aí que ela cumpre o seu papel, pois dá vida, alimenta e alegra.
A explicação para o renascimento se dá ao ver um sorriso crescente na face de um pai. Nas lágrimas de um bisavô, que não consegue se conter, pois também é um renascido. E no amor transformador e transbordante de uma mãe.
A observadora pensa em pequenos detalhes neste momento e se deixa levar por todo aquele sentimento de bem-estar. Seria um pouco daquele sentimento oceânico, que tantas vezes discutimos? Não sei, penso que sim, porém o que estava acontecendo era um grande movimento de desconstrução e renascimento de tantas vidas, tantos sonhos e de muitos amores.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Aliança de Casamento.

É engraçado como uma segunda-feira, ou melhor, apenas dois minutos do dia de ontem são suficientes para mover meus dedos até este texto. Interessante é que, através desta crônica eu espero dar vazão aos meus pensamentos, que até agora me inquietam.
Normalmente, quase ritualísticamente, fiz tudo igual desde que acordei no início desta semana. A única diferença é que vi o noticiário pela manhã e soube que teremos segundo turno nas eleições presidenciais. Enfim, notícia emblemática para os acontecimentos posteriores do dia.
No caminho para o estágio preciso tomar dois ônibus, o primeiro me deixou na Leopoldina, famosa entre os cariocas. Perdi a segunda condução e fiquei aguardando a próxima. Estava tranquilamente olhando aquele grande movimento, que nunca deixa ninguém tranquilo, mas eu estava. Foi aí que os dois minutos importantes do dia se efetuaram. Um adolescente sentado numa bicicleta parou ao meu lado e disse, bem baixinho e calmo: "Passa o anel!" - eu pensei que havia escutado mal e respondi: "Oi?", ele repetiu o pedido: "Passa o anel!" - eu havia entendido certo, mas respondi: "Oi?", estávamos muito próximos um do outro e eu olhava nos olhos dele. Então ele insistiu: "Passa o anel!", agora eu respondi olhando para aquele jovem: "Ah cara, eu não posso é a minha aliança de casamento!".
Eu não podia prever que eu reagiria assim, muito menos que o jovem, simplesmente pegaria a bicicleta e iria embora. Eu não fiquei nervosa, meu ônibus chegou e segui meu destino. Disse a verdade para o jovem, mas as reações não condizem com o imaginário social que temos do "pivete". Ele se foi,s em me questionar nada e creio que as outras pessoas que estavam no ponto de ônibus nem perceberam o que se passou ali diante deles. Na verdade, não perceberiam mesmo, pois estamos falando de uma classe invisível, que só é vista através do estigma da criminalidade.
É a segunda abordagem em seis meses, a primeira com um grupo de crianças e agora com este adolescente. De fato nunca sabemos qual será a nossa reação diante de uma fato desses.
Há quatro meses trabalho com jovens em situação de risco psicossocial, e acho que esse fato tem contribuído para mudar meu olhar sobre eles e sobre o mundo.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O que eu quero para o meu futuro?

O futuro é construído todos os dias. Cada novo passo me conduz para os meus objetvos.
estou me preparando para ser uma psicóloga, e isso não é fácil. É necessário ler muitos livros, fazer resenhas, assistir aulas, porém nem tudo é tão chato assim... Porque estudar o que se gosta é muito bom!
Outros objetivos surgem ao longo da minha vida, seja na carreira profissional, ou na vida familiar. Daqui uns anos aumentarei minha família, terei filhos e eles compõem os meus projetos.
Até lá eu vou adquirindo experiências e conhecimento para sustentarem meus planos.
E você, o que quer para seu futuro?

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Admiração.

Havia um certo casal, numa certa cidade, que sempre numa mesma hora sentavam-se juntos à porta de sua casa e permitiam-se desfrutar muitas coisas juntos.
Esse ritual repetia-se dia-após-dia, porém nenhum deles se cansava. Eles aguardavam ansiosamente por aqueles pequenos instantes em que o mundo sería do tamanho dos seus olhos. Esperavam juntos para mirar pequenos detalhes que passam por cada um de nós, todos os dias.
Seus olhos nãos e cansavam de admirar, nem seus ouvidos de ouvir aquele ranger da cadeira sob o assoalho e a música do vento.
Eles sempre se seguravam pelas mãos num gesto simples, porém cheio de significado. Ambos diziam através da ação que estavam ali, mais um dia, juntos.
É tão engraçado e curioso o objeto que tanto os fixava. E como eles podiam passar tantos anos olhando para o mesmo ponto, sem desanimar. Nada os privava daqueles instantes...
Tão rápido acontecia, mas a magia penetrava nos seus corações e por isso eles prosseguiam. Era um ato de renovação. Como se houvesse naquele instante a certeza de que o hoje se foi, e que aguardam o amanhã, porém caso este não venha - só o hoje já teria valido a pena.
É como um vento que passa, um piscar de olhos, um sussurro, um abraço, um beijo - essa é a nossa vida. É tão passageira como um pôr-do-sol, mas são tão poucos aqueles que a admiram. São raros os que se sentam à porta e a admiram, que a contemplam, que a vivem!
São mais raros ainda aqueles que a permitem! Ah, como seria bom se todos tivessem uma mão para segurar, um ombro para chorar, um sorriso para dar, um irmão para perdoar, um amor para amar, uma música para cantar e um sol para esperar.
Se com erros ou acertos, nós jamais saberemos, mas antes que possa passar mais este dia: admire-se!

domingo, 23 de maio de 2010

UP!

"Onde estiver o teu tesouro, aí estará o seu coração". Mt 6:21
Eu estou meditando sobre essa palavra e te pergunto: onde está o seu tesouro?
Vendo um lindo desenho animado, hoje, fui impelida a escrever este texto. E, mesmo este blog não ser sobre crítica de cinema, eu recomendo que todos vejam "UP - altas aventuras". Agora eu sei porque foi o ganhador de uma das estatuetas do Oscar. De fato é uma belíssima animação, e melhor, porque retrata de uma forma tão sensível e bela a realidade da nossa sociedade atual.
A maioria das pessoas vive como se não vivesse. Permitem que os anos passem e sejam as mesmas pessoas, sem nunca se entregar a uma aventura.
Quando decidem ir à luta percebem que amontoaram um monte de "Coisas" e que não resta mais ninguém ao seu lado.
Vivem juntando coisas, amontoando dinheiro, trabalhando enfadonhamente, sem prazer, sem sorrisos, estudando por obrigação -só para ter, ter e ter. E no fim, nada possuem.
Descobrem-se no final da vida fracos e solitários. Alguns até com dinheiro, mas sem razão na vida, sem ter feito nada que lhes desse sentido. A maioria pensa que ao completar 50 anos chega-se ao fim, que não lhes resta mais nada a não ser esperar a morte.
Não desfrutaram o gol que o filho fez, não curtiram uma viagem com a família, não amaram como devia. Não tiveram uma paixão, uma dor de cotovelo ou um amor pra vida toda. Nunca viram nos olhos de alguém que você era tudo para ela e que estava feliz pelo simples fato de estar com você.
Não puderam perdoar uma falha porque não poderiam suportar a liberdade de uma reconciliação. E assim dizem que viveram toda uma vida.
Esse filme mostra um vellinho que tinha um sonho e um amor. Um dia, o amor dele se foi, porém o sonho não. Ele realizou o seu sonho, mesmo sendo já bem velho e foi nesse momento que ele viu que o maior tesouro da vida dele não eram as coisas que ele cuidava com tanto zelo, ou a sua casa. O verdadeiro tesouro de um homem é o quanto ele é capaz de amar, de superar seus limites, de fazer e manter seus verdadeiros amigos.
E você pode levar as suas coisas para qualquer lugar, mas o seu coração só estará onde estiver o seu TESOURO, por isso ame a sua família enquanto é tempo. Apaixone-se! Talvez o amor da sua vida sempre esteve ao seu lado. Faça um novo amigo. Peça perdão para aqueles que você magoou. Amarre balões no seu corpo e voe, voe para o mais alto que puder - e faça algo por você!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

E se existisse uma fórmula?

Eu já imaginei que pudesse existir uma fórmula para se viver, e confesso que ainda procuro alguma que pelo menos oriente, para não ficarmos tão perdidos, às vezes.
Poderia haver um padrão, sei lá, é tudo tão imprevisível. Como disse uma professora: "imprevisível é diferente de inconstante". O homem é imprevisível, por isso transforma todos os seus atos em coisas imprevisíveis, porém ser inconstante é outra história. Inconstância é permitir que qualquer mau tempo mude suas ideias, convicções e seus projetos.
Concorda comigo que, a vida seria muito mais fácil se pudéssemos prever o que iria acontecer? Mas tudo o que é fácil tendemos a não valorizar. A praticidade em se conhecer o futuro retiraria toda a graça da vida.
A história não foi criada. Ela é criada! E cada palavra, pensamento e ação que praticamos é parte desse processo de fazer/contar a nossa história.
De fato, não é muito confortável não sabermos o que virá na próxima cena das nossas vidas, mas o que podemos fazer quanto a isso? Deixar de viver? Deixar de crescer? Deixar de amar?
O A.M.O.R é uma das maiores forças que nos move na vida. Mas não é um amor banal, sem profundidade. É aquele amor que tem o poder de nos manter vivos. Desejarmos conhecer pessoas, dedicar tempo aos nossos sonhos, sonhar ainda mais, lutar pela nossa alegria.
Quando tudo isso parece não estar acontecendo é porque estamos guiados por outra força, e não é o ódio. É a força chamada indiferença. A indiferença nos move para a morte. Tornamo-nos cada vez mais apáticos, menos preocupados em lutar pela nossa sobrevivência, e sobreviver significa "Continuar a viver depois de outro; continuar existindo depois de grave perda. Resistir, enfrentar, atravessar, escapar: sobreviveu a todas as crises."
Ainda é impossível predizer o futuro, e também não existe uma fórmula que nos ajude a compreender o outro e a nós mesmos. Se houvesse, estaríamos condenados a uma vida insignificante, sem redescobertas e surpresas. Seria tudo igual, todo dia. Evitariamos os confrontos com as nossas angústias e assim perderíamos a chance de crescermos.
Pensando bem, pode até não existir uma fórmula, mas se conseguirmos nos manter guiados pela força do amor, sabeberemos que, mesmo não conhecendo nosso futuro, com certeza teremos UM.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Respirar.

Meu peito está comprimido... é como se houvesse um peso de 100 kg sobre ele. E às vezes tonta, outras atordoada falta-me o bem mais vital ao homem: o ar. Eu me esforço para inspirar e então sinto a dor. Qualquer movimento custa minutos sentada, tentando recuperar o fôlego perdido. Em alguns momentos, penso que vou chorar, porém fecho meus olhos e lembro que antes de chorar eu deveria, simplesmente, respirar.
Eu sou um com meu corpo e minha mente, então o prejuízo de um provoca uma avalanche de sensações no outro. E, pensando nisso, eu acredito que muitas vezes vivemos assim. Não como eu estou nestes dias, com uma horrível crise de bronquite, mas vivendo na sensação de sufocamento.
Chega uma hora na vida, que todo homem vai parar e refletir sua existência. Outros, vivem todos os dias uma angústia existencial, e seja no primeiro ou no segundo caso, todos sentirão esse peso no peito, e pior faltar-lhes-á o ar.
Muitos de nós prefere viver na anomia, apenas executando tarefas no automático. Desistiram de ser criativos, construtores de projetos, edificadores da sua existência. Eu não sei quando foi que muitos desistiram, mas provavelmente foi diante de uma barreira que os custaria muito esforço para transpor, ou porque tornou-se mais fácil não resignificar a existência todos os dias.
Agora, muitos lamentam as tonturas, choram pela dor de não conseguir inspirar e expirar. Choram porque não se sentem livres. Porque o peito está tão pesado de ressentimentos, de frustrações e derrotas, que respirar fica cada vez mais impossível.
Todo mundo sabe qual é o passo seguinte após a parada respiratória. Mas eu antecipo este estágio e digo que já morreram aqueles que desistiram de lutar.
Estão mortos aqueles que desistiram de amar. Estão mortos aqueles que deixaram de falar "eu te amo", ou "você está errado" com alguém. Estão mortos aqueles que desistiram dos outros e de si mesmos. E mesmo que na matéria estejam vivos, já vivenciam a morte.
Quando eu me deito é um momento maravilhoso. O ar fica tão perto e respirável. É nessa hora que eu recarrego minhas forças para lutar pelo dia de hoje. Sei que hoje "o leão vai jejuar", porque eu não vou desistir, não vou recuar. Vou viver, vencer e respirar. Vá à luta também!

terça-feira, 13 de abril de 2010

Por que parar se podemos prosseguir?

"Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não tardará; todavia, o meu justo viverá pela FÉ; Se retroceder, nele não se compraz a minha alma". Hb 10: 37-38
Pelo menos uma vez na vida nós já pensamos em desistir de tudo. Pensamos que não era assim que sonhamos, que as coisas estavam tão bagunçadas, que sería impossível arrumar. Mas será mesmo que é impossível?
Estou revirando minha "gaveta" chamada coração. Nunca esteve tão desarrumado. Tem coisas que não deveriam estar ali, outras que deveriam ficar, mas estão saindo, e ainda coisas que estão faltando pelo simples fato de estarem ausentes mesmo.
Eu me pergunto até quando ficará assim... Pergunto porque eu deixei que tudo se misturasse a ponto de, nem mesmo a dona, conseguir organizar.
Pensei uma coisa agora e essa saiu fresquinha: Se eu vou arrumar ISSO é melhor bagunçar ainda mais. Tirar tudo. Então abro a torneira e deixo a água correr - para lavar. E depois de limpo, perfumado e protegido eu começo a colocar tudo em ordem de novo.
Começo por aquilo que não me serve mais e esses vão para o lixo. Em seguida, separo aqueles que eu preciso, mas estão indo embora. Para estes eu reservei um lugar especial, como se fosse uma "quarentena", afinal estão doentes, mas me farão muita falta se sairem do meu coração. Por último, eu vou correr atrás do que me falta.
Ah, nada melhor do que uma boa faxina! Mas como dói... Porque, enquanto fazemos a seleção dos itens que ficam e os que saem entramos em contato com nossas lembranças, frustrações, medos, mas em algum momento nós encontramos uma ponta de esperança. Parece pouco pra você, mas para quem não tinha nada é a luz no fim do túnel.
Recebi uma frase ontem de um amigo e era assim: "A dor da mente é pior que a dor do corpo". É muito fácil encontrar remédio para uma dor de cabeça, estômago ou dores musculares, porém quando é o invisível que dói fica difícil pedir o remédio certo, na hora certa para nos aliviar.
Você não fica remoendo uma dor muscular. Se está doendo, simplesmente você toma um relaxante. Mas não há como arrancar seu coração e fazer uma massagem, não há como retirar o invisível e aplicar um pouco de "Gelol".
Bom, eu acredito que já temos dentro do "lugar" ferido o antídoto para a nossa enfermidade. Mas o excesso de bagunça obscurece a passagem de 3 coisas: água, luz e alimento. A água é sinal de continuidade, ela simplesmente corre e corre. Não cessa nunca. A luz é sinal que você sempre poderá ver além da sua limitação. É a luz que te impedirá de tropeçar. E o alimento é o que te manterá em alerta, forte e disposto a tudo. Com esses três recursos surge a coisa mais preciosa que temos no Universo: a vida. E o antídodo?? É a nossa FÉ!!
Quase me esqueci dos problemas da minha "gaveta", mas todo problema tem solução. Mesmo que ela ainda não tenha sido descoberta. E "se eu me mostrar fraca no dia da angústia a minha fé é pequena". Nessa certeza eu posso terminar esse texto, porque não há trevas que dure eternamente.

sábado, 3 de abril de 2010

Muro da Maré.

Vem aí Jogos Olímpicos e Copa do Mundo na cidade do Rio de Janeiro. Todos nós, moradores ou turistas, desejamos uma cidade limpa, bonita, segura e acolhedora. Então, não deveríamos nos chocar quando passamos pela linha vermelha, na altura do Complexo da Maré.

Passava eu, hoje, pela linha vermelha sentido centro, quando notei um enorme "muro" separando a movimentada via de acesso da Comunidade marginal. Digo marginal, porque está à margem de uma das mais importantes linhas de integração da cidade carioca.

Funcionários da prefeitura montavam um gigante paredão com colunas de ferro e preenchimento de acrílico. O chocante é que não há mais visibilidade do que tem por detrás daquele "muro". Imagens serão anexadas ou pintadas nas armações de acrílico, tudo, é claro para deixar mais bela a "cidade maravilhosa".

Para os leitores que não moram no Rio de Janeiro é bom ressaltar que o Complexo da Maré fica exatamente na entrada principal da cidade. Temos no entorno a Ilha do Governador, com o Aeroporto Internacional Tom Jobim e a Ilha do Fundão, com a cidade Universitária e a monstruosa obra da Petrobrás.

Os leitores podem estar pensando que estou ficando maluca, afinal o que há de tão desagradável no desejo de "limpar" a cidade? Todo o mundo volta o seu olhar para a nossa cidade, então nada melhor do que deixá-la preparada para os nossos visitantes, e claro, os nossos investidores.

Entretanto, o que me deixa perplexa é a forma como tudo é feito. Produz um certo mal-estar, porque a sensação é que estão "varrendo a sujeira por debaixo do tapete".

Em ano de eleições presidenciais, nossos governantes acreditam mesmo que somos tão ingênuos a ponto de esquecer que existem problemas sociais urgentísimos, que precisam ser vistos para serem mudados, e não simplismente ocultados?

É uma ofensa não só aos moradores da Comunidade da Maré, como a todos os cariocas. Da mesma maneira que tentam esconder uma favela, farão com a saúde, com a segurança pública e com a educação.

Não sei se todos tem esse conhecimento, mas em algumas regiões da Ilha do Governador falta água há um mês, sem contar os outros bairros da Zona Norte, baixada, Zona Oeste.

Se enumerarmos os problemas na saúde faltará espaço neste blog, no entanto é tão abandonada e inificaz que pessoas ainda morrem sem atendimento nas filas de UPA's ou nos hospitais públicos cada vez mais despreparados.

Com tudo isso caro leitor, desejo que você se questione sobre sua passividade política. Reveja seus conceitos e valores, para não sair por aí acreditando que "o que os olhos não veem, o coração não sente". Sente sim, e estamos na hora de mudar o nosso modo relaxado de viver e ser mais questionadores sociais, agentes de transformação na nossa cidade.

sexta-feira, 26 de março de 2010

É ou não é?

E se você descobrisse que o real não é o que parece ser?
Esse período estou estudando como se constrói o pensamento humano e as formas que ele usa para se expressar. O mais intrigante é que, desde o primeiro dia de aula, ficou impossível não pensar sobre o pensamento.
Imagine que você está dentro de um banco e entra um assaltante. As pessoas deitam no chão, o dinheiro é roubado, os ladrões fogem e todos começam a contar a sua experiência. Porém, quando a polícia toma os depoimentos dos envolvidos percebe certa diferença nas palavras de cada um. Por que isso acontece? O motivo parece simples, mas não é. Cada pessoa é um observador, que além de estarem em posições diferentes dentro do mesmo espaço, tem a sua bagagem pessoal que o fará perceber o mesmo fato de maneiras completamente opostas.
Alguns focalizaram mais os assaltantes, outros o assalto, outros reviveram a experiência de um outro assalto.
Na verdade, quero dizer com esse exemplo, que um mesmo fato possui diferentes modos de ser experimentado. E, após passar pelo pensamento transformando-se em linguagem adquire a conotação que cada indivíduo vai atribuir, ou seja, cada sujeito atribui o sentido que mais lhe pareça coerente ao episódio.
Se generalizarmos esse exemplo e levá-lo a todas as vivências do nosso dia-a-dia notaremos que o fato não se constrói sozinho e o que a gente viu pode não ser. Que não existe nada real. O real é o que minha mente cria. A matéria é real, porém ela é a realidade de quem a vê.
Quer ver outro exemplo?
O daltonismo é uma doença de caráter genético. Caracteriza-se pela incapacidade de perceber todas ou algumas cores, por exemplo distinguir o verde do vermelho. Então eu te pergunto: as cores, o verde e o vermelho estão no mundo ou são produção da sua percepção visual? São criados no mundo ou é a sua mente que constrói? Visto que os olhos dos daltônicos são anatômicamente perfeitos, o problema está em outro lugar - na mente.
A nossa percepção é fruto da nossa experiência, da nossa subjetividade e do nosso interesse no fato. Por isso, desconfie se o que você vê é o real, pois é o real para você. Isso não quer dizer que é real para todos.
Se você exercitar um pouco mais vai descobrir que até brigas de casal, de trabalho, de família, qualquer uma, podem ser evitadas através desse conhecimento. As pessoas não veem as coisas da mesma forma, e às vezes cobramos do outro a partir do que nós vemos, porém isso não faz parte do campo perceptual dele.
"O que não vemos, não nos pertence". Essa frase é de Goethe, e mais uma vez exemplifica a nossa limitação. Só porque não vemos os átomos, ácaros e minúsculas partículas de ar, quer dizer que elas não existam? Então, a realidade é algo além da nossa visão. Está além dos nossos sentidos. Por isso não se surpreenda se for traído pelos seus sentidos, pois eles podem até captar os sinais, porém nem sempre serão traduzidos para sua percepção e quando traduzidos, invariavelmente será de formas diferenciadas em cada indivíduo. Pense nisso e me conte o que achou.

sábado, 13 de março de 2010

Eu acredito e você?

Desde que descobri de fato o que é ter fé, "crer naquilo que os olhos não podem ver", eu aprendi a confiar naquilo que meus olhos limitados não enxergavam, mas que podia acontecer.
Não posso mentir e dizer que nunca na vida duvidei, pelo contrário, acho que mais duvidei do que confiei. Porém, depois de algum tempo você aprende que confiar é muito mais gratificante, você entende que não importa quanto tempo demore, quantas barreiras apareçam, quão longe esteja - confiar é sinônimo de alcançar.
E foi assim um dia em que sonhei ter um pequeno ser em meus braços, doente aos olhos médicos e humanos. Alguém que era um estranho para todos nós, mas já era um especial de Deus. Era ele o escolhido para o mistério da nova vida.
Naquele sonho eu carregava uma criança e, sabendo da sua limitação física orei pedindo a Deus que o curasse. Sei que não fui a única, no meu sonho, mais pessoas também oravam por ele e criam que seria curado.
Não espantosamente, ao final do sonho ele estava completamente curado. Sadio, forte, lindo e pronto para ser a alegria de toda uma família.
Quando acordei entendi o significado da FÉ. Não somos capazes de entender os desígnios de Deus, somos tão simplórios e tão humanos, que a nossa mente não alcança os pensamentos mais profundos do coração do Criador. Ele é o autor e o consumador da vida. O único capaz de superar as nossas expectativas e operar o que parece impossível - um milagre!
Agradecer é muito pouco quando o coração deseja gritar e anunciar as boas novas!
Independente do tempo, da razão, das provas materiais, crer é um exercício que nos move para a vida. Que nos transpõe da dimensão do natural para o sobrenatural. E mostra de fato que Deus existe e é bom para aqueles que Ele ama.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Vejo a partir desse ponto.

Partimos, hoje, da ideia de que somos nós os construtores da nossa realidade. Mas que realidade seria essa? Como deixar de pensar que a nossa vida está aí, e o que tenho que fazer é apenas viver? Como eu, simples mortal, tenho o poder de emergir para o meu nascimento ou re-nascimento?
Como carioca por adoção, já estou acostumada com o meio de transporte mais comum da cidade : as vans. Hoje, após sair da faculdade, tomei um desses veículos e foi completamente diferente de qualquer outro que já havia entrado. Uma cobradora mulher chamava as pessoas de forma tão simpática, empática e prometia o seguinte:
-"Vem comigo! Ar condicionado, dvd e café!"
Todos já entravam com uma boa expectativa e sorriam. Quem é carioca aqui vai concordar comigo, isso é quase impossível. Pessoas sorrindo no trânsito ás 14:00 horas da tarde? Mas aquela van era diferente. Pode ser que alguém ali não gostasse do pagode que tocava no dvd, mas não vi ninguém reclamando. Antes do meu ponto de descida, alguém gritou:
-" e o café?"
a cobradora disse:
-" ninguém disse nada". Pegou um pacote de balas e distribuiu balas coffe pra todo mundo que pediu.
Pode parecer mentira, mas não é. Pode parecer loucura, mas não é. Simplesmente aqueles prestadores de serviço, o motorista e a cobradora, fizeram o que é difícil, mas pelo visto não é impossível, promoveram sorrisos nos seus passageiros, satisfação. Eles mudaram a realidade deles e de muitos que estavam ali. Construíram a realidade deste dia.
Quando penso em quanto nós influenciamos e somos influenciados pelos outros, quantifico o tamanho do cuidado que devemos ter. Geramos a nossa história, a do outro e a da sociedade. Criamos isso o tempo todo. Interferimos e sofremos essa interferência.
Ainda hoje, falava com uma grande amiga, a Carina, sobre a nossa ingerência sobre o outro. De como afetamos e como somos afetados pela Coisa. Não somos meros receptores, nem somos levados por qualquer vento forte, porém somos edificadores conjuntos dessa realidade que vivemos e nos tornamos.
A responsabilidade de conectar o real com aquilo que te produz sentido é nossa. Não é o que já passou, não é o que fizeram com você, mas "o que você fez com o que fizeram de você". É a sua elaboração diária, de um conto que é só seu. Dos sorrisos que você ainda pode dar, da vida que ainda pode viver!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Quando nada parece fazer sentido.

Considero-me uma pessoa de fácil comunicação e isso me permite dialogar com pessoas de todas as classes, idades e gêneros. Atualmente, venho amando conversar e conhecer um pouco mais a mente dos adolescentes. Sim, porque parece que foi ontem e eu ainda era um deles. Estava em conflitos com a minha escolha profissional, conflitos familiares, amorosos e principalmente conflitando comigo mesma.
Seria muito melhor se eu soubesse, naquela época, o que sei hoje. Não que eu já saiba muita coisa, contudo já é bem mais do que eu saberia aos meus 15 anos.
Por exemplo, eu não gostava de tomar um ônibus quando era adolescente. Sentia-me desajeitada e isso sempre, sempre causava algum constrangimento, porque invariavelmente eu batia a cabeça em algum lugar do ônibus, ou meu dinheiro caía no chão, quando a mochila não se prendia na catraca. De fato, era doloroso.
No entanto, agora eu sei o quanto isso é natural. Quando estamos vivenciando a nossa puberdade não temos a noção completa da nossa imagem e do nosso Eu. Por isso batemos em tudo, quebramos os pratos, copos. E outras inúmeras trapalhadas que cometemos.
Se eu soubesse que não importa o que pensam de mim e sim o que Eu penso sobre mim, noooossa! Jamais me acharia gorda, feia, desingonçada, de voz grossa, dedo torto, nariz grande. Afinal, o que é estar de bem consigo mesmo? É estar de bem com os outros? Ou construir a sua subjetividade baseado na harmonia com seu corpo e mente?
É mais importante o rótulo que me deram quando eu nasci, ou o perfume que eu carrego dentro de mim?
Invariavelmente permitimos que os outros nos digam o que somos, quem somos e o que devemos ser. Mas e se eu não desejar isso? Onde mora minha vontade? Para quem canta a minha voz?
Enfim, continuemos às mudanças. Eu acredito que o adolescente em parte volta a ser criança, pois no momento em que ele acorda pela manhã e descobre seu corpo todo diferente, com certeza "dá pane". Então recomeçamos as descobertas, agora um pouco mais movidos por novos combustíveis, hormônios próprios da fase.
Com sorte, fui criada num ambiente de diálogo familiar. Mas nem todos tem essa oportunidade e aí temos um novo problema. Alô leitores, caso prefiram mostrem para seus pais, pois esta parte é dedicada a eles!!!
Pais, vocês são os reforçadores primordiais dos seus filhos. Cada vez que você elogia seu desempenho escolar ou sua criatividade para desenhar ou sua habilidade para conversar, em suma tudo que diga respeito a se filho, ele se sente valorizado. Para um adolescente é fundamental que alguém reforce suas potencialidades. Eles ainda estão um pouco inseguros e isso é normal, porém eles não são ingênuos mais, nem mesmo eram quando crianças.
Contudo pais, ainda é necessário dizer que vocês são os únicos seres capazes de romper a barreira com seus filhos. Mesmo que eles digam que não é necessário, converse com eles, quebre tabus, transponha a barreira do mutismo. Não importa o tempo que você passe com seu filho e sim a qualidade do tempo que vocês permanecem juntos.
Acredito que o adolescente é um pouco de tudo. Ainda um pouco criança e já buscando ser adulto. Durante alguns anos da vida muita coisa não fará sentido e então, como se nada tivesse acontecido, um dia passará.
Pode não fazer sentido sentir-se estranho todo dia. Pode não fazer sentido gostar de uma pessoa diferente por dia. Pode não fazer sentido estudar o que se estuda, pensar o que se pensa, chorar pelo que se chora, mas uma coisa é certa: estamos vivos!
E é você quem atribui sentido a sua existência!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Em caso de amor, pense menos!

Na minha primeira postagem eu apresentei um convite ao pensamento. Hoje estou buscando uma reformulação à esta atividade.
Algumas vezes seria melhor não pensar. Como se fosse possível fugir daquilo que está pulsando na nossa mente.
Por exemplo, o amor, e assim espero que você, leitor me compreenda. Esse sentimento toma boa parte dos nossos pensamentos. Tem uma capacidade enorme de modificar nossas ações, expectativas e convicções. Mas, ás vezes, seria melhor não pensar tanto.
Hoje, não pude deixar de interferir numa dessas questões de amor. Afinal, não sou romântica a ponto de acreditar num amor que seja masoquista, nem posso deixar de exprimir minha opinião quando alguém está se anulando em benefício de outro. Mas aí você vai perguntar: o que eu tenho com isso? Eu tenho AMOR.
O mesmo amor que oprime, também é aquele que cuida.
Somos ingênuos ao crer num amor perfeito. Sou cética, sim. Porque não posso acreditar em contos de fadas. A realidade é bem diferente do que se pinta em "O mundo mágico de Walt Disney".
As nossas relações não são construídas por nós, apenas. Somos nós e o outro. Isso implica em diferenças, divergências e preferências. Nem todos estão prontos para o árduo trabalho de ceder. Em parte exigimos a nossa vontade e em parte cedemos à vontade do outro. E assim nos construímos no mundo.
É aquela velha história: "no início, tudo são flores", porém no início não sabemos direito quem somos naquela relação, como poderemos saber quem é o outro? O outro ainda é o nosso estranho. Quando tudo fica descortinado, passamos a entender que toda estrada tem pedras e que toda flor tem espinhos.
O pensamento é a nossa primeira arma para simbolizar o que nos é confuso. Mas a linha entre o amor e a dor é tão tênue, que nesse caso único somos frágeis demais para confiar em nossos pensamentos. Não sugiro que não pensemos, proponho que pensemos com qualidade.
Esquecendo um pouco a dor, filtrando as imagens, tomando certa distância, a fim de sair do olho do furacão e enfim, respirar ar puro.
Permitir que todos os nossos sentimentos permaneçam misturados é demasiado cruel. Sofremos com aquilo que não é exato, principalmente se formos exatos demais. Nosso corpo sofre com a bagunça que se tornou a nossa mente. Tendemos a ter náuseas, desmaios, nossos braços e pernas paralisam e então, quase sucumbindo, acordamos, querendo não acordar.
Colocar um fim numa relação não é nada fácil, mas de fato é melhor do que anular a si mesmo. A dor nesse caso é passageira e mais suave, pois não tem mágoa. Libertam-se todos os medos e males, certos de que voaremos em lugares mais altos até encontrar outro amor, para o qual estaremos mais preparados.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Responsabilidade

Bom, eu já tenho meus 23 anos e isso me torna apta física e psicologicamente para muitas coisas.
Pensando nisso, venho considerando o fato de ser mãe. Provavelmente deve ser uma sensação surreal, ter uma parte de você e a outra da pessoa que mais ama reunidas na sua criança. Maravilhoso!
Porém, ontem fui tomada de assombro, pavor e impotência quando diante de um acidente. Esse acontecimento acendeu uma luz em minha mente e ela piscava dizendo "responsabilidade". Durante um simples piscar de olhos tudo muda e não é a toa que dizem por aí "que é durante situações adversas, que a gente mais cresce". Quem disse isso estava coberto de sabedoria e isso tornou-se uma verdade em minha vida.
Enquanto brincávamos na piscina, ontem, afinal estamos em pleno Carnaval de 2010, uma das minhas irmãs acidentou-se e levou um corte na cabeça. Foi péssimo sentir que estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe ao ponto de não poder evitar que a queda ocorresse. Segurei sua cabeça, tentando acalmá-la, e mesmo querendo entrar em pânico, naquela hora eu sabia que seria melhor para ela que eu parecesse calma. Por dentro ocorria um misto de emoções, mas era necessário manter tranquilidade e sangue frio.
Eu mandava que ela respirasse, quando nem eu mesma tinha certeza se eu o estava fazendo. Pedia para não se apavorar, enquanto eu estava apavorada. Um medo que experimentei pela primeira vez.
De fato, não tememos muito por nós, mas quando somos responsáveis por alguém, tememos por sua segurança, conforto e bem-estar. É incrível como nossa mente é rápida e calcula tudo nos mínimos detalhes e com tamanha precisão.
Antes eu teria chorado, chamaria meus pais para resolver os problemas, mas se alguém teria que estar ao lado dela, essa pessoa era eu. Então, mesmo confusa, pois não sabia o que era meu e o que era dela, segurei em suas mãos e estranhamente senti o peso da responsabilidade sobre minhas costas.
O tempo todo fico me questionando se não estou agindo como os pais agiriam. Inconscientemente eu havia mudado. Meu foco saiu do cuidado de amigo - irmão e passou a um cuidado paternal. Acho que eu não queria ter mudado, mas se aconteceu, com certeza foi porque eu cresci diante daquilo.
Agora, tudo está bem e a sensação de impotência se foi, porém isso me fez refletir sobre meus planos futuros. Não basta pensar que se está pronta para uma escolha tão importante como ser mãe, haverá sempre imprevistos e eles nos cobrarão posturas fortes e decididas.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Por que ter um blog?

Nunca me interessei por um blog específico. Até visitei alguns, comentei e li muitas coisas legais. Mas hoje acordei e decidi que faria um para mim. Uma razão? Bem, quando escrevo coloco meus pensamentos em ordem. É um exercício mental que ajuda muito, além de ser uma forma de aprimorar e estimular a criatividade.
O título é uma recordação daquilo que devemos fazer a cada momento das nossas vidas: Pensar!
Pensar com os botões está além do dito popular, é uma atitude de crescimento. Uma busca pela canalização de ideias, sonhos, conflitos e soluções.
Socialmente, abandonamos o silêncio e o ato de pensar. Somos tomados e "deixados levar" pelo corriqueiro, automático, prático e menos doloroso. Porém, estamos inaugurando um depósito, que muito provavelmente não teremos tempo, nem desejo de revirá-lo.
A ideia, aqui é te convidar ao exercício de pensar. Um retorno à raiz do que somos enquanto sujeito e enquanto sociedade.
Feliz exercício a todos!