sexta-feira, 3 de junho de 2011

O psiquiatra e o carro velho...

Outro dia, um psiquiatra foi dar uma aula para o meu grupo no curso de extensão. Além de médico, ele também ocupa cargos políticos estratégicos na cidade do Rio de Janeiro, dedicando-se à questão da infância nas ruas, das pessoas com necessidades especiais, ou seja, ele tem um olhar muito voltado para a medicina mais social e humanizada.


Ele nos contou várias experiências pessoais durante a aula. Uma delas é simplesmente incrível. O médico relatou que durante um evento relacionado aos direitos dos deficientes físicos, em um bairro da Zona Norte do Rio, uma senhora o abordou e falou: "Doutor, será que o senhor poderia ir até a minha casa, gostaria que o senhor olhasse meu filho." Ao chegar até aquela humilde casa, nas palavras dele, sem muito recursos, porém digna, ele se deparou com um jovem de aproximadamente 20 anos, imóvel numa cama - sem falar, sem poder se mexer, sem abrir os olhos. Ele havia sofrido um acidente e ficara oito meses em coma no hospital, e estava dado como morto. O médico do hospital disse para a mãe: "Senhora, leve seu filho para casa, mas não tenha grandes esperanças sobre ele. Olhe para ele como quem olha para um carro velho, enferrujado - ele está lá, mas não serve para nada". A mãe, seguiu as instruções do médico, mesmo inconformada e contou essa história para o nosso psiquiatra. Ele fala que ele não se importa com "essa tal ética médica, dane-se, pois a ética dele é com o sujeito enfermo". Ele disse para a mãe do rapaz que deconsiderasse a palavra do primeiro médico, pois ele havia dito uma grande bobagem e que a partir daquele dia mudasse a sua atitude para com o filho.


O nosso médico deu as seguintes instruções para aquela senhora: 1º) Não veja o seu filho como uma carro velho; 2º) Ligue a Tv ou o rádio para ele todos os dias; 3º) Sempre que puder venha até ele e faça uma carinho no seu rosto, passe um creme na sua pele, converse com ele.; 4º) Assim que ele fizer qualquer movimento, que seja mover 1 dedo da mão, faça um bolo de fubá e cante parabéns para ele e completou: "Tenho certeza que ele vai se levantar dessa cama". Ele saiu da casa se achando um maluco, pois como ele poderia ter falado aquelas coisas, e se nada daquilo ocorresse??? Eram muitas perguntas, porém ele já havia dito, agora era tarde.


Passados 1 ano e 3 meses, mais ou menos, ele volta àquela comunidade para outro evento, e enquanto ele assistia a uma apresentação cultural na praça algo aconteceu. Alguém tocou nas suas costas e disse: "Doutor, doutor, o senhor lembra de mim?" ele se esforçou, mas realmente não se lembrava, então sem demorar muito a pessoa disse para ele: "EU SOU AQUELE CARRO VELHO". O médico conta que não podia conter as lágrimas e o que pareceu loucura tornou-se uma possibilidade de vida, ou melhor a única possibilidade daquele jovem.


O que será que curou aquele rapaz? Ele ficou pensando, pensando e ainda nos levou a várias reflexões... Para mim que escrevo esse texto hoje, foi um milagre de Deus! Aquele rapaz estava morto e reviveu, só porque alguém viu na impossibilidade uma grande oportunidade.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

A estrada é longa, mas andarei mais uma milha!

Andando, estudando, observando e principalmente ouvindo por aí, tenho a chance de perceber tantas coisas sobre a palavra humano. Contudo, nada me faz entender mais um humano do que meu reflexo no espelho. Já vi de tudo através dessa imagem – coragem, medo, superação, amor, amizade, confiança, descrença, dor, alegria, paciência, impaciência, fé, esperança, e ainda me surpreendo porque tem dia que percebo coisas novas. E penso: “mas será possível que essa sou eu?”, “não acredito”. E é não acreditando que me permito ficar batendo cabeça uma, duas, três vezes...
Se essa é a vida, então de novo ela! Será que eu e você seremos capazes de declarar essa frase no final da nossa jornada? Não é pelo número de conquistas que medimos a nossa qualidade individual, mas pelas vezes em que fomos capazes de transformar o impossível, o difícil, o inacreditável, EM POSSÍVEL!
Você pode me dizer que eu só falo assim porque não é comigo. Que escrevendo num blog é fácil porque ninguém sabe como é a minha vida... e mais, no mundo digital é tudo muito líquido, muito rápido e não é assim na vida real. Mas o que eu falo para você, falo para mim também.
Sempre me ocorreu que fugir ou desistir era mais fácil do que enfrentar. E então conheci um grande profeta chamado Daniel, ele sim deveria ter saído correndo... Imagine-se dentro de uma cova cheia de leões ferozes e famintos. A reação natural de qualquer um seria fugir para bem longe, depois subir em algo bem alto para não ser devorado... isso é o óbvio porque queremos proteger a nossa preciosa vida. Daniel, porém, fala àquele que o havia lançado na cova: “o anjo fechou a boca dos leões para que não me fizessem dano”, e ele passou a noite toda trancado naquela cova, sem que nada o ferisse.
Não estou vendo nenhum leão aqui do meu lado, mas sei que eles existem. E estão tentando devorar meus sonhos, meus projetos, a minha família, a minha alegria e a minha fé.
O dito popular fala que todos os dias temos que matar um leão e eu te digo que você precisa matar dois e até três. Existe um, o qual é o mais difícil de se fechar a boca - seu nome é NÃO TEM MAIS JEITO. Esse devorador de vidas está rondando, pronto para te pegar despreparado, com a guarda baixa e te colocar o sentimento de que não há mais solução para o seu problema. E se você é daqueles que não acredita em milagres, então certamente vai entregar os pontos e no final da sua vida carregará a insígnia: Jaz aqui um covarde!
Novamente você pode querer me dizer que eu não sei bem como é, que não é tão simples assim... e eu te pergunto: o que é mais difícil, enfrentar ou se acovardar?
Para mim já foi mais difícil enfrentar, pois renunciei não só uma coisa na vida por medo. Já deixei que me convencessem que eu não seria capaz, que eu era burra, incompetente, doente, feia, gorda ou magra. Já tentaram me pintar de tantas formas, só que a dona da canetinha sou eu! Agora quem pinta, o que eu quero, com as cores que eu quero não são todas as outras pessoas.
Hoje, e espero que não só hoje eu tenha medo de ser covarde. Porque não é vergonha insistir... enquanto eu viver farei de tudo para persistir!