sexta-feira, 1 de julho de 2011

Brilha, brilha estrelinha!

Em geral, meus textos são destinados a alguém muito especial para mim, ou são apenas reflexões que faço sobre a vida, sobre minha vida. Hoje, cumprindo uma palavra a alguém muito querido vou falar sobre vagalumes quebrados.
No último feriado, enquanto fazia um divã virtual com uma amiga, ouvi a seguinte frase: "me sinto como um vagalume quebrado". Aquilo me deixou meio confusa e perplexa por alguns segundos, mas em seguida vieram as ideias pipocando na minha cabeça (1 milhão delas). Falei pra ela que escreveria um texto sobre nossa conversa e ela autorizou.
Frequentemente, as pessoas não gostam de insetos, excetuando as borboletas e os vagalumes. Esses bichinhos que têm uma capacidade singular de emitirem um pontinho de luz pelo seu esqueleto, fenômeno denominado de "Bioluminescência". Dizem que há dois motivos para eles fazerem isso: para sua defesa e para atrair outro vagalume, em geral para a reprodução.
Pensando nisso fiquei com uma dúvida do tamanho do Maracanã: por que essa pessoa do meu divã virtual se vê como um vagalume quebrado? Você já se viu como um vagalume quebrado? Como é que eu me vejo, hoje? Lembrei de um livro de Arteterapia que li há 15 dias e imaginei essa amiga pintando alguma coisa que não esteja sendo capaz de brilhar mais.
Minha amiga me disse que ela até se esforça, mas que em algum momento ela sente que parou de brilhar, que não consegue chamar a atenção pra ela, mesmo sabendo que em alguns momentos ela precisa dessa atenção. Isso não é uma apologia a “gente aparecida”, e sim uma demonstração de como nós, humanos, podemos nos sentir incapazes de marcar a vida de alguém e a nós mesmos.
Comparando-a ao vagalume, relacionando à todas as coisas que ela me disse, percebo que minha amiga tem no mínimo dois problemas ao se sentir assim: ela se encontra desprotegida contra possíveis ataques que venham sobre ela. Talvez esteja mesmo no escuro, tateando as coisas sem de fato conseguir ver o que está vindo na sua direção, podendo até ser coisa danosa a ela. O outro é que ao se sentir sem essa luz própria todas as suas relações ficam comprometidas. São os familiares, os amigos, os amores, o trabalho – todos eles talvez não consigam captar a verdadeira pessoa que está meio cinzenta, ultimamente.
Então, ela me perguntou: “o que eu preciso fazer, Maya???” Calma, eu não quebrei o código de ética do divã virtual! Fiz um encaminhamento a alguém que possa acolhê-la no mundo real e aí sim ajudá-la a sacudir um pouco esse corpo, porque foi o que eu disse a ela: talvez não esteja quebrado, só precisa sacudir um pouco pra luz voltar a brilhar.
Depois de toda essa conversa fiquei pensando em quantas pessoas, ou quantas vezes eu me boicotei por achar que minha luz havia se apagado. Algumas vezes, até poderia ter me sentido meio quebrada, faltando alguma parte. Mas tudo sempre esteve aqui mesmo, só que escondido naquela última gaveta, onde a gente só guarda coisa que pensa ser inútil. Até o dia em que sacudi tudo e o que estava escondido veio para primeiro plano. Foi aí que comecei a brilhar.

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