sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Canetinhas coloridas

Tem momentos que, mesmo sem saber o porquê, a gente fica tão pequeninho, tão encolhidinho. Fechamos os olhos e percebemos que eles estão marejados, turvos. Tememos abri-los. Mas, ao mesmo tempo, pensamos que só estamos no meio de um sonho ruim, que se abrirmos os olhos vamos acordar e tudo estará bem de novo. Nem sempre é um sonho. Geralmente são as circunstâncias da vida. Justamente aquelas que nunca poderíamos imaginar que seriam parte das nossas vidas.
Então sentimos aquela dor forte que não sabemos de onde vem, nem para onde vai. Choramos. Trancamos as nossas janelas para o mundo. Calamos. Prendemos a respiração. E soluçamos em busca de novos ares.
Esses dias cinzas... Quando os pássaros cantam e não ouvimos. Quando as ondas batem nas rochas e não sentimos os respingos da água. Quando as flores desabrocham, mas não atraem nossos olhos, nem o nosso toque. Não temos homenagens a fazer. A figura é o sofrimento e o fundo é a dor. Eles se revezam na nossa frente.
Aí tem dias que a dor não é nossa, mas é de quem a gente ama. Então também é a nossa. Nossa! Como falar em "recomeçar", "prosseguir" e "levantar"? Como não ser engolido, literalmente devorado pela desesperança? Onde encontrar aquela canetinha colorida que tínhamos na infância? Sabe aquela que pinta tudo de laranja, rosa e azul celeste? Colorir para nos levantar, para recomeçar e para sonhar. Por que tem dias em que o cinza é tão penetrante, que esquecemos que a caixinha vem com 12 cores diferentes de canetinhas, no mínimo? E as possibilidades, quantas são? A probabilidade de preencher a vida de cor é maior do que mantê-la anônima, acorrentada ao cinza e ao preto.
Arriscamos um pedido mais ousado: "Ei, Papai do Céu, sei que você está me ouvindo, me dá um jogo de canetinhas com 36 cores diferentes? Se eu preciso de tudo isso? Preciso! Tenho muitas possibilidades para explorar e eu quero muito arriscar e me permitir tentar.
Até que chega o momento em que somos surpreendidos por um sorriso, o nosso sorriso! O primeiro de muitos depois de tanto tempo. Esse já é o primeiro quadro pintado por nós mesmos: artistas da arte do Viver!

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