sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O segredo é um prato grande e pouca comida

Ah, semana de prova! Indicador perfeito de erupções de todos os tipos de ansiedade. Insônia, "branco", dor de barriga, estomatites, impaciência...
Eu acho isso muito engraçado, porque a minha relação com o "aprendizado intelectual" nem sempre foi da maneira como é hoje. Lembro-me claramente da 6ª série, quando eu tinha sérios problemas em entender a matemática. Pra mim, estudar aquilo não fazia a menor diferença. Aí, como sempre tive essa cara-de-pau, perguntei para a professora, Magna, até lembro o nome da cidadã: - "Eu preciso mesmo fazer essas funções? Porque eu não vejo onde isso pode me levar, não faz sentido algum pra minha vida." Ela era boa professora, preocupava-se com os alunos, explicava bem, mas não havia nada que ela fizesse que fosse capaz de me convencer a amar a sua disciplina. Outras professoras vieram depois dela e também não despertaram em mim empatia pelos números.
Durante muitos anos culpei a exatidão da matemática ou os professores. Mas nunca havia pensado que a responsável pelo fracasso pudesse ser EU. Por que eu insistia em me privar desse conhecimento? Comecei a me perguntar. Aí pensei em todas as outras coisas, imcompreensíveis pra mim. Até que ponto eu também não estava sendo resistente à elas?
Pior coisa é a gente ter uma cabeça dura, quase engessada. Não havia nada que as queridas professoras fizessem que me tornasse uma apaixonada pelo conhecimento que elas vendiam, porque eu não o queria comprar. Preferia ficar com a minha teimosia, de que eu poderia viver sem esse conhecimento, afinal quem precisava daquilo? E mais, pra quê me esforçar, se eu não seria capaz de entender mesmo!
Ê lugarzinho medíocre que eu me enfiva, viu?
E aí fiquei pensando mais uma vez: conhecimento é como comida, a gente não deve tentar empurrar garganta à baixo. Quando uma criança não quer comer a gente coloca pouca comida em um prato grande, assim ela sentirá fome e pedirá mais por conta própria. Se a mãe empurra a comida à força, o que acontece é que a criança vai tomar raiva e não vai comer mais. Com o aprendizado não é diferente. Temos que sentir fome pelo conhecimento. Ele deve nos cativar. Quando somos cativados por alguma coisa fica difícil abandoná-la. E estudar é assim, ou pelo menos deveria ser: um misto de liberdade e prazer, que nos leva ao ápice de nós mesmos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário