sexta-feira, 26 de março de 2010

É ou não é?

E se você descobrisse que o real não é o que parece ser?
Esse período estou estudando como se constrói o pensamento humano e as formas que ele usa para se expressar. O mais intrigante é que, desde o primeiro dia de aula, ficou impossível não pensar sobre o pensamento.
Imagine que você está dentro de um banco e entra um assaltante. As pessoas deitam no chão, o dinheiro é roubado, os ladrões fogem e todos começam a contar a sua experiência. Porém, quando a polícia toma os depoimentos dos envolvidos percebe certa diferença nas palavras de cada um. Por que isso acontece? O motivo parece simples, mas não é. Cada pessoa é um observador, que além de estarem em posições diferentes dentro do mesmo espaço, tem a sua bagagem pessoal que o fará perceber o mesmo fato de maneiras completamente opostas.
Alguns focalizaram mais os assaltantes, outros o assalto, outros reviveram a experiência de um outro assalto.
Na verdade, quero dizer com esse exemplo, que um mesmo fato possui diferentes modos de ser experimentado. E, após passar pelo pensamento transformando-se em linguagem adquire a conotação que cada indivíduo vai atribuir, ou seja, cada sujeito atribui o sentido que mais lhe pareça coerente ao episódio.
Se generalizarmos esse exemplo e levá-lo a todas as vivências do nosso dia-a-dia notaremos que o fato não se constrói sozinho e o que a gente viu pode não ser. Que não existe nada real. O real é o que minha mente cria. A matéria é real, porém ela é a realidade de quem a vê.
Quer ver outro exemplo?
O daltonismo é uma doença de caráter genético. Caracteriza-se pela incapacidade de perceber todas ou algumas cores, por exemplo distinguir o verde do vermelho. Então eu te pergunto: as cores, o verde e o vermelho estão no mundo ou são produção da sua percepção visual? São criados no mundo ou é a sua mente que constrói? Visto que os olhos dos daltônicos são anatômicamente perfeitos, o problema está em outro lugar - na mente.
A nossa percepção é fruto da nossa experiência, da nossa subjetividade e do nosso interesse no fato. Por isso, desconfie se o que você vê é o real, pois é o real para você. Isso não quer dizer que é real para todos.
Se você exercitar um pouco mais vai descobrir que até brigas de casal, de trabalho, de família, qualquer uma, podem ser evitadas através desse conhecimento. As pessoas não veem as coisas da mesma forma, e às vezes cobramos do outro a partir do que nós vemos, porém isso não faz parte do campo perceptual dele.
"O que não vemos, não nos pertence". Essa frase é de Goethe, e mais uma vez exemplifica a nossa limitação. Só porque não vemos os átomos, ácaros e minúsculas partículas de ar, quer dizer que elas não existam? Então, a realidade é algo além da nossa visão. Está além dos nossos sentidos. Por isso não se surpreenda se for traído pelos seus sentidos, pois eles podem até captar os sinais, porém nem sempre serão traduzidos para sua percepção e quando traduzidos, invariavelmente será de formas diferenciadas em cada indivíduo. Pense nisso e me conte o que achou.

Um comentário:

  1. Quem nunca cobrou de uma pessoa importante atenção? Quem nunca sentiu ciúme da pessoa por ela estar te deixando de lado? Quem nunca disse para uma pessoa que o que ela estava fazendo era errado? Mas o que é certo? O que é errado?
    Tá dando uma de filósofo,não é? Eu gosto muito de fazer isso, afinal é bom se perguntar sobre as coisas que nos acontecem e sobre as coisas que nós fazemos.
    Nem preciso dizer o que achei dele,rs.
    Te amo, beijocas, Karine.

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