quinta-feira, 4 de março de 2010

Vejo a partir desse ponto.

Partimos, hoje, da ideia de que somos nós os construtores da nossa realidade. Mas que realidade seria essa? Como deixar de pensar que a nossa vida está aí, e o que tenho que fazer é apenas viver? Como eu, simples mortal, tenho o poder de emergir para o meu nascimento ou re-nascimento?
Como carioca por adoção, já estou acostumada com o meio de transporte mais comum da cidade : as vans. Hoje, após sair da faculdade, tomei um desses veículos e foi completamente diferente de qualquer outro que já havia entrado. Uma cobradora mulher chamava as pessoas de forma tão simpática, empática e prometia o seguinte:
-"Vem comigo! Ar condicionado, dvd e café!"
Todos já entravam com uma boa expectativa e sorriam. Quem é carioca aqui vai concordar comigo, isso é quase impossível. Pessoas sorrindo no trânsito ás 14:00 horas da tarde? Mas aquela van era diferente. Pode ser que alguém ali não gostasse do pagode que tocava no dvd, mas não vi ninguém reclamando. Antes do meu ponto de descida, alguém gritou:
-" e o café?"
a cobradora disse:
-" ninguém disse nada". Pegou um pacote de balas e distribuiu balas coffe pra todo mundo que pediu.
Pode parecer mentira, mas não é. Pode parecer loucura, mas não é. Simplesmente aqueles prestadores de serviço, o motorista e a cobradora, fizeram o que é difícil, mas pelo visto não é impossível, promoveram sorrisos nos seus passageiros, satisfação. Eles mudaram a realidade deles e de muitos que estavam ali. Construíram a realidade deste dia.
Quando penso em quanto nós influenciamos e somos influenciados pelos outros, quantifico o tamanho do cuidado que devemos ter. Geramos a nossa história, a do outro e a da sociedade. Criamos isso o tempo todo. Interferimos e sofremos essa interferência.
Ainda hoje, falava com uma grande amiga, a Carina, sobre a nossa ingerência sobre o outro. De como afetamos e como somos afetados pela Coisa. Não somos meros receptores, nem somos levados por qualquer vento forte, porém somos edificadores conjuntos dessa realidade que vivemos e nos tornamos.
A responsabilidade de conectar o real com aquilo que te produz sentido é nossa. Não é o que já passou, não é o que fizeram com você, mas "o que você fez com o que fizeram de você". É a sua elaboração diária, de um conto que é só seu. Dos sorrisos que você ainda pode dar, da vida que ainda pode viver!

3 comentários:

  1. Adorei! e vou tomar a liberdade p/ resumir esse texto em uma só palavra: DELICADEZA! Vc sabe colocar reflexões em palavras...Q o ser humano continue pensando com os botões! Estamos juntas!
    Grande bjo.

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  2. Boa reflexão, Maya.
    Bom texto.
    Continue assim.

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  3. Vai um cafezin ai??Jeito carioca de ser hein?! Falou e disse.. Muito bom! Parabéns!

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