quarta-feira, 6 de abril de 2011

Sentir pena é a melhor coisa que você pode fazer?

Ontem fiz uma coisa que, definitivamente não combina comigo. Saí com um casal de amigos e decidimos comer um BigMac, no Mcdonnald’s. Quem me conhece sabe que não sou fã do lanche, prefiro sempre pizzas, ou sanduíches genéricos. Mas mesmo assim comi meus “dois hamburgueres, alface, queijo e molho especial”, meio duvidosa se aquilo seria bom mesmo, afinal só desfrutei de um “Mac” duas vezes na vida. Na verdade, comer ou não comer não é importante agora. Porém, enquanto esperávamos o lanche eu pensei em um tema, que certamente entraria nesta coluna, só não sabia como. E este é o assunto que trataremos hoje: o sentimento de pena que temos por outras pessoas.



Quando você leu “sentir pena” pode ter lembrado de velinhos no asilo, mendigos, pessoas em camas de hospital, adolescentes grávidas, presidiários e tantas outras “categorias” de pessoas, que julgamos serem dignos da nossa pena. Eu lembrei de todos estes, talvez você imagine outros. Há também aqueles que sempre tem uma desgraça para nos contar, que suas histórias de vida são sempre tristes, sem nunca terem um momento feliz. Existem os que choram copiosamente seja por qualquer infortúnio da vida.



Somos naturalmente impelidos a sentir pena de pessoas em situações como estas e eu quero te dizer que isso não é o melhor que você pode fazer.



Em primeiro lugar o sentimento de pena te coloca numa condição superior daquele que sofre. Quando você olha e diz: “coitadinho”, quem te disse que ele é coitadinho? Talvez esse sentimento seja uma forma de projetarmos a pena que sentimos de nós mesmos, ou a culpa que carregamos por estarmos bem enquanto outros estão vivendo situações de desgraça.



Um dia todos seremos velhos, certamente teremos alguma doença, pois é o ciclo natural da vida, teremos perdas e sofreremos.



O segundo ponto é que julgamos o “sofrimento” dos outros baseados em nossos pontos de vista, ou seja, a nossa cultura, religião, moral diz que isso é sofrimento e ruim, logo sinto pena de quem passa por desventuras.



É um risco determinar que alguém é vítima, pois toda vítima paga um preço por o ser e também desfruta de algum benefício secundário. Talvez seja beneficiado de não precisar enfrentar a vida e os problemas de frente, pois enquanto eu sou o “coitado” todos me compreenderão e eu posso ficar nesta zona de conforto, na qual eu não preciso lutar. Enquanto vítima todos tem o direito de ficar na inércia, de não carregar o seu leito e se levantar. Enquanto você sente pena, você contribui para a inércia dos outros.



Quero te dizer que eu não sinto pena de você. Lendo a Bíblia, livros de Psicologia e de Psicanálise, preciso te informar que a pena conforta quem a sente (pelos motivos já apresentados) e incomoda quem a recebe. Quem recebe o sentimento de “dó ou pena” de alguém se sente cada vez menos sujeito da sua vida. Você o está reduzindo a alguém que só carece de algum sustento, físico ou emocional.



Faça você mesmo uma busca pelos dicionários, leia outras fontes e vai ver que pena é diferente de compaixão. Compaixão é você compreender o estado emocional de alguém e estar ao lado dela. Ajudar só se faz presente a partir da demanda desta pessoa. Não podemos ajudar alguém que não o deseje, assim estaríamos novamente anulando a vontade deste ser e isso não é ajuda!

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